O estilo industrial surgiu em meados da década de 50 em NY, onde começaram a transformar galpões em casas e bla bla bla. Isso é o que a gente vê em todas as referências de mídia falando sobre o conceito. Mas uma das coisas que deveria ser enfática em todas elas é que esse movimento foi contextualizado pela crise econômica e pelos altíssimos preços causados pela especulação imobiliária. Ou seja, por consequência as pessoas sofriam, assim como sofrem hoje com a falta de oportunidade de morar bem em grandes centros urbanos. Além da ocupação dos galpões, esse movimento foi expressivo na reutilização de materiais, pois assim como havia a falta de moradia, havia também a falta de grana.
Então, por mais que apreciemos muito esse estilo, nossa intenção aqui não é romantiza-lo
e muito menos gourmetiza-lo e sim dar algumas dicas de como você pode criar seu
espaço seguindo a métrica conceitual do estilo.
Muito além do tijolinho
Vamos começar pelo básico. Sabemos que existem alguns elementos muito marcantes como o cimento queimado, o tijolo aparente e algumas infras aparentes de elétrica e
hidráulica. Uma característica bem legal nesse estilo é a quebra de paradigmas do que é
perfeito e do que é limpo. Pois como a própria história, os edifícios ocupados dentro desse
conceito eram lugares praticamente abandonados, que de alguma forma sofriam com deterioração, já que eram construções antigas.
Então, não é só o tijolinho aparente e o cimento queimado que são característicos do estilo
industrial. A parede deteriorada também - além do conceito, ela conta a história do edifício e olha que dependendo de como é apresentada, nos oferece resultados ainda melhores do que os outros dois elementos mais famosos.
A parte da tubulação aparente vamos pular, pois você pode ler sobre ela com detalhes
em outro post que já escrevemos aqui no blog: Vamos falar de tubulação aparente?
Elementos do industrial design
_ Estantes de metal: um dos elementos que mais vemos por aí, porém não lhe damos a chance por não enxergarmos seu verdadeiro potencial. Normalmente são usadas de forma provisória pois são muito versáteis, preço muito acessível, aguentam um bom peso, disponíveis em cores variadas no mercado (e nada que você não possa customizar com um spray). Comumente usada em áreas comerciais, depósitos e escritórios. Você encontra bastante dessas peças em ferros velhos ou locais que vendem coisas usadas. Um dos segredos é que você também pode aproveitar partes da sua estrutura para novos usos: por exemplo a perna da prateleira pode virar um suporte para ganchos de talheres, o que acham da ideia?
_ Elementos de obra: provavelmente você já deve ter visto alguns desses em algum lugar, como o bloco de concreto, usado para adegas ou apoio de prateleira. Mas também existem outros elementos, como a tela para contrapiso, aquela tela que parece uma grelha! Ela pode servir como malha para vegetação, ou até mesmo como um pegboard para cozinha. Mas porque não ir além e adaptar o carrinho de mão para uma mesa central ou para um cachepot, usar a ferragem de uma viga para fazer um banco e utilizar a marreta usada como peso de porta? Abuse da sua criatividade.
_ Caixas: não estou falando daquela caixa que você compra por 550 mil reais, só porque tem um sticker fake vintage. Pode usar aquela caixa de feira ou aquela caixa que embalou algum produto. Uma das caixas que achamos muito eficientes são as caixas Bins, utilizadas em oficinas e depósitos. São modulares, de diversos tamanhos e muito baratas!
_ Barris: isso com certeza você já deve ter visto em algum lugar! Com a disseminação desse conceito o barril (tonel de ferro) virou um elemento bem característico. Porem junto
com a disseminação veio o raio hipsterizador, ou melhor, gourmetizador e com ele surgiram algumas marcas que chegam a cobrar R$ 1.000,00 por um barril novo pintado ou marcado com um silk channel n5. Gente, o tonel é um elemento muito utilizado por empresas de óleo e detergentes industriais, vocês podem encontrar isso em ferros velhos com certeza, e até tem lugares que vendem ele já limpo (o de óleo precisa passar por um tratamento antes do reuso) por R$ 30 em média. Mas o legal do barril são as marcas, assim como em todos os elementos. São elas que contam a história da peça. Basta você customiza-lo. Há empresas que transformam os barris em armários, bancos, o que é bem legal e vale a pena. O que não vale a pena é pagar 1 conto para um barril pintado!
_ Elementos de oficina: um dos tópicos mais fáceis de se adequar ao conceito são as peças de oficina. Recentemente postamos em nossas mídias o uso de um carrinho de ferramentas para uma nova demanda: um bar (dá uma olhada no nosso instagram @estudio.menaa). Existem bares assinados por diversas marcas, mas que vão te custar um rim. Esse carrinho em especial custou R$ 250,00 e novo! Mas é só um exemplo. Outros elementos que podem ser adaptados: quadros de ferramentas para um pegboard, caixas de ferramentas em cachepots, guarda volumes, bancadas, luminárias... o que nos leva ao próximo tópico.
_ Iluminação: as luminárias para galpões (que viraram moradia) eram luminárias volumosas e que também precisavam atender certas normas, por isso eram robustas. Mas ainda hoje, possuem sua classe e são itens pelos quais temos muito apreço. Com o avanço da tecnologia, muitas dessas peças foram saindo de mercado, algumas foram sendo readaptadas e outras apenas desvalorizadas. Mas como dica, a própria luminária de mecânico citada já é muito característica, barata e de uma versatilidade absurda. Além dela, também temos a famosa 'tartaruga' que resiste muito bem ao mercado nacional e possui todas características desse conceito. Junto a essa linha, temos as lanternas e plafons blindados que podem ser adaptadas facilmente.
Antes tarde do que nunca
Temos notado que atualmente há uma grande demanda para o design. Consequentemente, há um crescimento exponencial de profissionais e empresas que criam novos designs, independentemente de estilos, buscando oferecer produtos de forma consciente, que minimizem o estrago que causamos ao nosso sistema. E que forma melhor e mais eficaz de não causar estrago que não seja produzir mais lixo? De reaproveitar aquele monte de tralha que você iria jogar fora e transformar em uma peça útil e que atenda de fato a sua necessidade?
Não queremos tirar nenhum mérito do que é criado. Apesar de muita coisa ser criada apenas para o status quochic, lu(i)xo. Leia também nosso artigo Design como status, no
qual aprofundamos essa discussão.
Ah, detalhe muito importante sobre tudo isso que estamos falando. O estilo industrial
design é muito do "Do it yourself, mimimi". Se existe uma palavra muito irritante hoje em
dia é essa, pois só agora que deram evidência a esse nome que muita gente começou a
fazer as coisas em casa para a casa. Mas enfim, vamos lá, afinal, isso é positivo, mesmo
que tardio!
Existem diversas maneiras de complementar o conceito industrial. Como dissemos
inicialmente, queríamos apenas ressaltar algumas dicas, mas dentro do pretexto de um
novo pensamento: o de analisar de forma mais crítica com o quê, onde e como
podemos transformar nosso espaço. Lembre-se o estilo aqui não é ser feio ou bonito,
gourmet com certeza não, mas é ser diferente a seu modo e de acordo com o seu bolso!
Não tenha medo de algo não estar acabado, ou de estar aparente, pois o conceito da
decoração industrial é esse mesmo!
imagens sem fonte supracitadas_ Pinterest!
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